domingo, 2 de dezembro de 2007

Descomplicando os Custos


Diante de tantos questionamentos e dúvidas, acho interessante tentar numa linguagem mais inteligível e produtiva explicar quais os tipos, os porquês e as aplicações práticas de cada método de custeio, pois a muito percebo as dificuldades dos empresários e interessados em entender os fundamentos e principalmente os propósitos de cada método.

Saliento que minhas análises e posicionamentos dizem respeito unicamente ao “custo gerencial”, ou seja, aquele efetivamente utilizado na administração do negócio.

Julgo primordial frisar:

“Todo e qualquer método de custeio auxilia na administração do negócio, e ao contrário do que muitos pensam é mais uma referência para se determinar os preços de venda”.


Porque isto?


Existe uma clara confusão onde alguns acreditam que os preços devem ser elaborados só a partir dos custos, e outros que formam os preços sem conhecer os custos.
 
 
“Os dois grupos estão errados”.

O melhor é definir os preços a partir de uma série de informações gerenciais, inclusive e principalmente os custos, entretanto só se apoiar nestes para definir preços também deixa de lado dados primordiais, o que é arriscado.


Os preços traduzem de fato a real e verdadeira mensagem da empresa ao mundo, assim sendo tem que retratar as políticas de marketing estabelecidas, portanto são necessárias muitas outras análises, referências e estratégias para defini-los. Em contrapartida definir preços sem ponderar seus custos é uma atitude de alto risco que certamente deve ser evitada, até porque conhecer e administrar o negócio pelos custos é relativamente fácil e extremamente eficaz.

Nos dois artigos que escrevi sobre Precificação esclareço mais e melhor tal questão de preços.

“Os sistemas de custos que a LC Consultorias prepara não só os apura pormenorizadamente, como evidencia todas as informações relevantes para serem utilizadas nos sistemas de preços, que também preparamos afim de realizar as simulações estratégicas necessárias nas formações dos preços”.

Isto posto, seguem posicionamentos sobre os diversos métodos de custeamento existentes:

Absorção ou Integral – Aplica-se basicamente para a Contabilidade Financeira atender a legislação brasileira, na prática gerencial é extremamente errôneo, não apenas pelos rateamentos dos custos fixos junto com os custos variáveis como muitos apregoam, mas principalmente porque os rateia (divide proporcionalmente) de uma forma totalmente perversa ao próprio processo de fabricação;

UEP (Unidades de Esforços de Produção) – Método aplicável somente em indústrias e que basicamente foca os custos de transformação das matérias primas em produtos, unifica a produção numa unidade de medida (UEP) e assim cada produto passa a valer determinado número de Ueps. Nunca o utilizei, pois sua sistemática não é abrangente e muito menos completa;

Direto ou Variável ou Marginal – Assume que somente os gastos variáveis de produção e de comercialização do produto ou serviço devem ser considerados no custo da produção, os demais gastos são considerados somente na Demonstração do Resultado. Na prática gerencial acho um método incompleto porque em primeiro lugar muitos custos não são totalmente fixos ou totalmente variáveis, e em segundo lugar porque alardeia todo um preconceito em não ratear os custos fixos nos custos dos produtos, no entanto torna-se necessário embutir uma margem a mais nos preços para pagar os custos fixos e isto estrategicamente não é recomendável;

RKW (Custeio por Centros de Custos) – Originário na Alemanha no início do século XX (RKW é a representação das iniciais de um antigo conselho governamental alemão para assuntos econômicos), é um método muito utilizado, pois premia as partes técnica, administrativa e econômica do negócio, entretanto nos últimos anos vem sendo questionado pela forma que rateia os custos indiretos, e como em muitos casos estes custos se tornaram muito representativos, de fato alguns desvios perigosos podem ocorrer. Alem disso, se o custeio não reproduzir fielmente os processos de produção, as informações resultantes não serão totalmente confiáveis;

ABC – Activity Based Costing (Custeio Baseado em Atividades) - Método mais recente que se assemelha ao RKW, porem rateia com muito mais legitimidade todos os custos, principalmente os indiretos, o que acarreta melhores resultados e uma maior aceitação. De todos é o método mais completo e abrangente, porem dependendo de como é formado pode não ser tão eficaz como se apregoa, conforme observo nas ponderações finais.

Ponderações Finais:Para mim o melhor método é aquele que retrata o mais fidedignamente a realidade do negócio, e que são os processos de cada negócio quem define o melhor método de custeio.
Acredito também que os custos não devem ser “rateados”, mas sim calculados conforme a sua real unidade de mensuração, e isto só é possível se não houver uma dissociação entre as ciências atuantes (administração, economia, engenharia e marketing/branding), está aí o grande equívoco de todos os métodos, formarem idéias de custeio dissociando a parte técnica, da administrativa, por sua vez as duas da financeira e estas do marketing, quando na realidade as quatro sempre atuam conjuntamente construindo os resultados.

"Por isso enfatizo que na LC Consultorias montamos sistemas de custos e sistemas de preços, absolutamente individualizados que são a imagem do negócio, pois procuramos “ouvir” dos processos quais são as suas verdadeiras unidades de uso, para calculá-los corretamente e não apenas rateá-los".