segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Não Tenho Dúvidas sobre a Ciência Administração de Empresas

Até entendo que engenheiros, médicos, economistas, donos de empresas, políticos, etc..., não compreendam a verdadeira atuação do administrador de empresas, também entendo as dúvidas dos jovens que ainda estão escolhendo sua futura profissão, agora realmente estranho quando os próprios administradores e o meio acadêmico titubeiem no que tange ao papel desta ciência.

Recentemente fiz uma enquete numa comunidade de administradores para saber o que pensam sobre o porquê de outros profissionais se acharem aptos e executarem a função, o resultado apontou que a maioria acredita que o mercado ainda não compreende esta ciência, e quem contrata não vê o administrador de empresas como um especialista, faz sentido já que os próprios administradores tem e alimentam dúvidas o que pensar dos outros?

Não tenho e nunca as tive, lembro que já atuando como engenheiro decidi fazer o curso de administração de empresas porque almejava vôos mais altos e entendia que só os alcançaria através destes novos conhecimentos.

É histórico engenheiros desdenharem dos administradores de empresas, isto porque desconhecem a real profundidade desta ciência e também porque ao terem no seu curso “noções de administração” imaginam que isto mais a especialização de engenheiro lhes conferem um status superior. Certa vez quando trabalhava como engenheiro numa tradicional multinacional alemã, um gerente de produto (um excelente engenheiro alemão mas um péssimo gestor) ao assumir a diretoria técnica bradou em alto e bom som que a partir daquele momento ele iria usar 90% do seu tempo em assuntos técnicos e “gastaria” apenas 10% com a gestão, imediatamente compreendi o porquê da empresa, naquela época, estar com seu desempenho num constante sobe e desce.

Numa recente entrevista de um renomado economista sobre o correto e pleno aproveitamento dos recursos de um determinado negócio, ele francamente e sabiamente admitiu que “nunca” um economista deixaria de tratar como “insumos” todos os recursos disponíveis de um negócio. Isto não é de se estranhar já que por formação é o que se deve esperar de um economista, mas não de um administrador de empresas que sabe que as pessoas que compõem uma empresa muito alem de insumos são prioritariamente sua capacidade intelectual merecendo assim uma tratativa diferenciada. Basta observar para constatar que isto é o que mais ocorre nas empresas, e o erro não é só do economista mas principalmente de quem os coloca para administrar, em muitos casos os lucros até acontecem (tanto o lucro bom quanto o lucro ruim), mas nunca acontece ou acontecerá o máximo de lucro só bom, pois estes só se viabilizam a partir de um bem planejado e cuidadosamente bem conduzido “trabalho conjunto de todos os processos de um negócio”, que são tarefas natas do administrador de empresas (especialista).

Na administração pública casos de má gestão ocasionadas pela falta de um administrador de empresas não faltam, como exemplo cito o ministério da fazenda, conduzido por um economista, se vangloriam de que a economia do país vai bem, porem nem tanto quanto proclamam, pois poderia e deveria estar muito melhor já que em 1.996 o nosso PIB era praticamente igual ao da China, e em 2.009 o da China é três vezes maior que o nosso? Por que será? Talvez porque lá eles aprenderam a não tratar os recursos apenas como insumos.

Como prova do que afirmo cito o que ocorreu quando o Estado de Minas Gerais contratou uma empresa de consultoria, que mesmo não sendo “especialista”, conseguiu que o Estado saisse de um déficit de 12% no orçamento e da moratória em 2003 para, em 2006, ter superávit e R$ 3 bilhões para investir.

Respeito todas as áreas assim como todos os profissionais, portanto não vou me alongar mais quanto a estes posicionamentos, mas o fato é que também outros profissionais atuam como “gestores”, e o que é pior, donos de empresas entregam a gestão do seu negócio a estes “leigos”, o que provavelmente explica os fracos resultados operacionais de muitas empresas.

Não é a toa que numa entrevista feita em 2.009 com o prof. Vicente Falconi, tido como o maior consultor do Brasil e que “atua nas maiores empresas do país”, perguntaram quantas empresas administravam seus negócios como ele ensinava, ou seja através de metodologias científicas, ele prontamente respondeu que pra valer tanto no Brasil quanto no exterior “quase nenhuma”. Minha consultoria é mais voltada às pequenas e médias empresas onde esta afirmação também é válida.

Falconi estabelece três condições indispensáveis ao gestor de uma organização que visa o sucesso: liderança, conhecimento técnico do negócio e métodos. Concordo e acrescento que estas são condições inerentes ao administrador de empresas, que sabe: que para liderar precisa antes criar as condições para tal, que precisa conhecer o negócio profundamente sob todos os ângulos (sob todas as visões), e que os métodos são ferramentas que irão auxiliá-lo na conquista dos objetivos “se devidamente conduzidas”.

Este é o ponto crucial das coisas, de uma maneira geral os outros profissionais até conduzem uma “gestão dos negócios”, mas não uma “administração empresarial” científica, plena e eficaz, por que: em primeiro lugar queiram ou não o administrador de empresas é um profissional preparado para administrar as outras funções de tal forma que extrai o máximo de cada uma delas, isto inclusive é nato do verdadeiro administrador de empresas, e em segundo lugar porque é o profissional formado para entender o suficiente das outras áreas e principalmente o que cada uma representa no ciclo operacional do negócio, sem no entanto ter a “pretensão e muito menos a necessidade de suplantar um determinado especialista”, mas sim administrá-lo em prol do objetivo global que ele previamente planejou e definiu.

Isto remete a outra questão: Qual a diferença entre administrador e gestor?

Pesquisando na web me deparei com uma série de posicionamentos a respeito, das quais humildemente e veemente discordo da maioria, de fato sinto que se trata de uma discussão sem sentido que só gera mais dúvidas.

Na pratica existem administradores de empresas que atuam tanto na alta direção quanto no gerenciamento de uma área ou de um departamento, o know how de cada um é que define sua posição hierárquica, portanto é incorreto tentar taxar administrador como mais operacional (?) e gestor como menos (?), ou vice-versa. Os principais dicionários brasileiros determinam que as palavras administração e gestão sejam sinônimas, a ressalva fica apenas na atuação onde “infelizmente” tanto está sendo desenvolvida por administradores de empresas (especialistas), quanto por outros profissionais (leigos), este sim é o problema maior que deveria ser amplamente debatido e combatido de frente.

Creio que os administradores de empresas assim como seus representantes devem avaliar mais apuradamente as conseqüências destas tentativas de distinções, e principalmente manifestarem-se com absoluta firmeza e coesão para impor o que acreditam, ou seja seus valores.

Estas a meu ver devem ser as bandeiras dos administradores e de seus representantes, por os pingos nos “is” e assumir definitivamente sua vocação de “administrar cientificamente” empresas, governos, áreas, departamentos, etc..., rechaçando com vigor quaisquer interferências.

Luiz Carlos Freire Cimatti
LC Consultorias e Rep. Com. Ltda.

Um comentário:

Jackson Passos disse...

Luiz,
vc tocou talvez no ponto crucial da administração que é quando uma pessoa administra outras sem ter o conhecimento específico da área onde atuam os outros profissionais que estão sob seu comando. Aprendi na vida que nada substitui o conhecimento, ou vc tem ou não tem. Mas fica muito difícil quando vc administra por exemplo um confeiteiro quando na verdade vc não sabe separar a clara da gema e exige um doce excelente.

Jackson Passos